Projetos: Uma autoestrada com muitos imprevistos.


    A principal consequência causada por nossa falta de habilidade em gerenciar os requisitos de prazo, dá-se nas metodologias de gestão do ciclo de vida de um projeto.

    Vamos comparar um projeto com uma autoestrada, na qual cada faixa represente uma das metodologias de gestão. Com exceção de uma, cada metodologia poderá ser colocada em qualquer faixa, mas só uma em cada faixa.

    A metodologia CPM pode ocupar apenas uma das faixas extremas. Por ser uma metodologia preditiva parece ser mais segura, nela temos a sensação de mais controle e garantia de chegada ao destino no tempo preestabelecido.

    A equipe do projeto, representa um comboio que trafega pela autoestrada, todos na faixa correspondente a sua metodologia. Mas eventualmente, se a metodologia escolhida não foi a CPM, podem ultrapassar ou mudar de faixa, voltando à original assim que o objetivo da mudança tenha sido alcançado.

    Muitos são os motivos que os farão mudar de faixa, mas para que a mudança traga benefícios, deverá haver um objetivo viável e específico que a justifique. E é aí que a incapacidade de gerenciar os requisitos de prazo faz com que, equivocadamente, creiamos que mudar de faixa, mesmo sem que haja evidências da correlação com o objetivo específico, nos protegerá dos atrasos.

    Durante o ciclo de vida de um projeto, muitos desafios se apresentam; qualidade, suprimentos, recursos… Praticamente todas as metodologias de gestão são capazes de equacioná-los, mas todas de uma forma ou de outra sofrem com os atrasos.

    Um “deadline” mal estabelecido, literalmente pode matar um projeto.

    A crença de que uma gestão eficaz será capaz de cumprir consistentemente prazos de folga zero, é fruto do desconhecimento de que as incertezas são intrínsecas a todo e qualquer processo. Não há gestão capaz de eliminá-las, podemos apenas minimizar, desde que se altere o processo.

    O que fazemos?

    Normalmente quando nos deparamos com atrasos, cremos, erroneamente, que ele só está ocorrendo devido a má condução do processo. Não percebemos que possa ser apenas fruto de sua variabilidade intrínseca, e aí começamos a efetuar ajustes, que além de não resolver os atrasos, os aumentam.

    Substituímos pessoas, aumentamos recursos, multamos… Tudo isto só aumenta as incertezas, afinal cumprir um prazo de folga zero não é impossível, mas é improvável.

    O que há de errado com o CPM?

    Voltando a faixa extrema da autoestrada. É um local onde qualquer elemento de um comboio pode circular quando necessário, algo que o CPM não faz em relação as outras faixas.

    O CPM parte do princípio que será capaz de gerenciar as ocorrências na sua faixa, não fará ultrapassagens nem mudará de pista. No entanto imprevistos ocorrem em um número maior do que nós gostaríamos e, em alguns casos, o comboio CPM precisará parar no acostamento até a remoção do obstáculo, para só então voltar à pista.

    Não bastasse isto é comum que após muita relutância, o plano original sofra mudanças, é quando a parada no acostamento se prolonga ainda mais. Na prática a faixa CPM é útil como recurso às demais metodologias, porém como faixa cativa é ineficaz, pois a premissa de ser preditivo não se confirma em projetos.

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