Sabemos haver tanta proteção nas estimativas de prazos de um projeto, que não conseguimos “enxergar” serem elas as maiores responsáveis pelos atrasos, e realmente não deveriam ser. Porém a precisão que atribuímos à elas, faz com que se transformem em fonte geradora de atrasos.
Para contextualizar, comparemos a nossa meta de prazo com uma placa circular de tiro ao alvo.
Qual é a probabilidade de um atirador, com uma única chance, acertar exatamente no centro do alvo? — A ciência nos prova que esta chance tende a zero.
E se ao invés do centro, nós preestabelecêssemos qualquer outro ponto fora do centro, qual seria a chance dele acertar exatamente nesse ponto? — Também tende a zero!
Primeira conclusão: A probabilidade de acertar exatamente no centro, independente da posição da meta, tende a zero.
Agora vamos repetir, porém dividindo o alvo em 5 faixas concêntricas.
Qual é a probabilidade de um atirador com uma única chance, se acertar o alvo, o acerte dentro desse círculo central? — A ciência, neste caso, nos prova que probabilidade é proporcional a área do círculo central em relação a área total do alvo. O raio do círculo central se equivale ao limite de tolerância.
Quando a folga em um cronograma é zero, na prática, estamos assumindo o risco de 100% de não concluirmos exatamente na data final (ainda bem que via de regra o objetivo é concluir até a data final).
Segunda conclusão: Só faz sentido tratar de chances de ocorrência, se tivermos tolerâncias não nulas ou metas discretas, tipo “atende” ou “não atende”.
Com as métricas de variáveis contínuas cumulativas, ocorre algo interessante. A probabilidade de nos posicionarmos abaixo da meta é maior do que a de nos situarmos acima dela.
Terceira conclusão: Em um período de tempo preestabelecido, nossa chance de executar apenas metade de um trabalho, é “muito” maior do que a de executarmos o trabalho total.
Por mais óbvio que seja, normalmente não levamos isto em consideração nas nossas ações ao gerenciar metas.
O Viés de Convergência
Atribuí este nome, ao efeito que causamos em uma rede de precedências, ao focarmos nossas ações, visando concluir o projeto em seu prazo máximo, a primeira e a terceira conclusão se sobrepõem, potencializando a possibilidade de atrasos.
Isto também nos auxilia a compreender, porque é que o hábito de inflar durações estimadas, apesar de impactar nas chances de sucesso em prazo, não é o suficiente para que os atendamos com frequência.
Vamos supor que temos uma rede de precedência com 3 atividades, se adotarmos a duração média para cada uma, nossa probabilidade de cumprir o prazo seria de 12,5% — 50% * 50% * 50% — então quando nos protegemos e multiplicamos por 2 essas estimativas, nossa probabilidade sobe para ~94% — 98% * 98 % * 98%. Porém, por não atribuirmos folga em lugar nenhum do tramo, o transformamos em caminho crítico, 50% de chances.
Mas o quê ocorre se o escopo preestabelecido não for garantia de obtenção de todas as funcionalidades estabelecidas para o resultado do projeto?
Nossa probabilidade de 50% em relação aos prazos, passa ser impactada pela possibilidade do escopo ser ou não o suficiente, outros 50%, donde se deduz a probabilidade de 25% (50% x 50%).
No próximo post vamos voltar a este assunto, analisando a teoria das restrições do Dr. Eliyahu Goldratt.
Uma resposta para “A luz também cega: É quando a precisão gera Atrasos!”
[…] Nos posts “A luz também cega: É quando a precisão gera Atrasos” e “Pleitos ou Soluções: Quando a melhor defesa é a união” , este baseado em um projeto […]